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sexta-feira, 7 de março de 2014

POLEGAR EQUIVOCADO




            Em casa, depois de um dia cansativo de trabalho, minha mãe e eu estávamos no sofá da sala, assistindo a um documentário em DVD - um desses sobre a violência do homem contra a natureza.
            Olhei o relógio, já contando os minutos para cair na cama e descansar. Eram oito e trinta e cinco. As pálpebras quase se fechando, quando o meu celular tocou e, antes que eu terminasse o monossílabo oi, uma mulher do outro lado da linha, em tom exaltado e ameaçador, pergunta-me: “Foi você?”
            Sem entender absolutamente nada, gastei alguns segundos verificando em minha mente se acontecera algum momento crítico, durante o dia, que motivasse tal questionamento; nada recordei.
            Pensei em perguntar quem era e do quê se tratava, mas, antes que eu pronunciasse a primeira sílaba da palavra “senhora”, a mulher mandou que eu calasse, pois iria falar tudo o que ela desejava, disse ela.
            Tentei replicar, na tentativa de que ela me ouvisse. Frustrei-me. Ela continuou a esbravejar e a falar sobre um relacionamento, traições e cartas enviadas ao suposto amor da vida dela, contando sobre suas peripécias amorosas; coisas sem nexo algum para mim.
            Tapando o microfone do celular com uma das mãos, respondi à minha mãe que eu não sabia quem era, quando questionado por ela. Fui orientado a desligar o celular. No entanto, resolvi ouvir mais um pouco, e ver aonde iria chegar a ladainha daquela desconhecida que, no mínimo, estava perturbada.
Passaram-se vinte minutos e a mulher continuava a “berrar” ao celular. Todas as minhas interpelações foram malfadadas, porquanto ela não me dava nenhuma chance de ao menos pronunciar duas sílabas.
Enfim, calou-se. Passaram-se, ao todo, trinta e cinco minutos. Eu continuava calado. Pasmo. Mudo. Demoraram alguns segundos e, como não falei absolutamente nada, ela disse em tom debochado: “NÃO VAI FALAR NADA!?” Ao que respondi: “Minha senhora, sou Armando Henrique. E a senhora, quem é?”...

Nada me respondeu. Desligou o celular na minha cara. Antes, pude escutar bem baixinho: “Ai, meu Deus! Que vergonha!”
Autor: Osiel Ferreira

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